Aulas de circo e ioga antigravidade lotam academias nos Estados Unidos

 

Nas aulas de asas de ioga antigravidade, as alunas ficam penduradas de cabeça para baixo

 

 

A aula, que usa equipamentos de circo modificados como parte de exercícios aeróbicos, é chamada de Jukari Em Forma para Voar, e é a última modalidade de uma série de aulas não ortodoxas introduzidas por academias de ginástica dos Estados Unidos. Sim, as aulas feijão com arroz continuam – ioga básica, musculação, ginástica -, mas geralmente são acompanhadas de opções menos tradicionais, como dança do poste ou malhação no estilo treinamento militar.

Nas academias que tornaram aulas excêntricas sua marca registrada, a direção afirma satisfazer a demanda crescente dos clientes por novidades. Na rede de academias Crunch, por exemplo, o objetivo é introduzir algumas novas aulas a cada trimestre, disse Donna Cyrus, vice-presidente sênior. “Procuramos muito por entretenimento durante o condicionamento físico”, Cyrus disse. “Tento descobrir as tendências e procuro instrutores com habilidades teatrais.”

Nem todas as academias são tão experimentais. Na New York Health and Racquet Club, a diretora de fitness em grupo, Maryann Donner, disse que aulas bizarras podem atrair mais alunos, “mas se você não consegue ter ideia do que o exercício seja, com base no nome, não sei quão atraente ele seria.” E alguns alunos ainda amam “as aulas mais sérias”, como alongamento, musculação e aeróbica, ela disse.

Carol Espel, diretora nacional para fitness em grupo e pilates do Equinox Fitness Club, disse que sua empresa tenta evitar colocar “modinhas na programação”, embora já tenha oferecido aulas como levantamento de derrière brasileiro e malhação para jeans skinny. “Não queremos oferecer algo só porque apareceu na Oprah”, Espel disse. Por exemplo, “nunca ofereceríamos dança do poste.”

Mas a Equinox oferece o Jukari Em Forma para Voar. A palavra Jukari se origina da palavra siciliana jucare, que significa brincar, e a aula, introduzida em junho em 14 cidades, foi desenvolvida através de uma parceria entre Reebok e Cirque du Soleil.

A instrutora ruiva da Equinox, Sara Haley, disse que a Reebok a enviou como “cobaia” à base do Cirque du Soleil em Montreal no ano passado para descobrir se algum de seus equipamentos acrobáticos poderia ser adaptado para a academia. A equipe da Reebok e do Cirque du Soleil então refinaram as recomendações, que resultaram no FlySet, um trapézio especialmente projetado, “mas com cordas muito mais grossas e seguras”, ela disse.

Entre as pessoas que faziam a aula de Haley pela primeira vez em uma recente visita estava Liat Kletz, assistente executiva de 28 anos. “Não amo malhação, mas procuro maneiras de torná-la mais interessante”, disse. “Quero ficar em forma sem ter que pensar nisso.” Perto de Kletz estava Priscilla Vaccaro, fazendo sua terceira aula de Jukari em dois dias.

“Sim, essa é a aula mais estranha que eu já fiz”, disse Vaccaro, que também faz aula de hip-hop, de espada de samurai e de spinning com música gospel. “Acabei de fazer 62 anos, então isso é muito estimulante.” Embora aulas fora do comum tenham aparecido em várias partes dos Estados Unidos, elas costumam ser testadas primeiro em Nova York, onde artistas profissionais trabalham regularmente como instrutores de academia. Haley, a professora de Jukari, é uma ex-dançarina. “Não conseguiria trabalhar como garçonete”, disse.

Espel, da Equinox, concorda: “Nova York é definitivamente o laboratório.” Além da quantidade de instrutores ser grande (a maioria das academias faz seleções regulares), também é verdade que as pessoas são receptivas a ideias estranhas, ela disse.

Do outro lado da cidade, na Crunch, Stacy Martorana, dançarina do Merce Cunningham Repertory Understudy Group, dava uma aula de asas de ioga antigravidade. Dezoito pessoas estavam penduradas de cabeça para baixo, com seus pés enrolados em um tecido preso ao teto, enquanto tentavam executar uma “inversão” através de um giro para fazer uma pose de morcego. “Se você é novato, pode sentir tontura ou enjoo”, Martorana disse alegremente.

Como o Jukari, a aula de asas de ioga foi adaptada de uma companhia artística – neste caso, a trupe acrobática AntiGravity de Nova York. Exercitando principalmente a parte superior do corpo para fazer poses como “ângulo certo”, “pico da montanha” e “avião”, os alunos da Crunch aprendem a equilibrar seu peso com o tecido. “É preciso confiar nele” Martorana disse.

A aulas de asas de ioga, ela acrescentou, têm sido “superpopulares” desde que começaram há um ano. É comum ter lista de espera e alguns alunos dizem estar viciados nas aulas. “Eu adoro”, disse Helen Lee, executiva de marketing de 33 anos, “mas seria bom eles lavarem os tecidos. Você fica em um ninho maravilhoso, mas com aquele fedor de ioga.”

A Crunch abriu em 1989 como um estúdio de fitness em grupo. As primeiras aulas incluíam Aeróbica com Atitude (ensinada por uma drag queen), Malhação de Bombeiros e Ioga Kama Sutra. Em meados dos anos 1990, Cyrus disse, a Crunch decidiu padronizar suas aulas. “Para dizer a verdade, a Malhação de Bombeiros não era das mais seguras”, ela disse.

Inovando o tradicional
Segundo Cyrus, cerca de 60% a 70% dos frequentadores da Crunch fazem aulas, e cerca de um terço de tais aulas tem algum tipo de diferencial, como uma aula de ciclismo com karaokê. A inspiração pode vir da cultura popular (uma aula se baseia em um novo programa de TV sobre perda de peso através da dança), de um equipamento especial (como o Indo Board, uma prancha com rodinhas) ou de um instrutor em particular (uma aula chamada Gridiron – expressão que se refere a um campo de futebol americano ¿ é ensinada por um ex-jogador do Atlanta Falcons). “Houve um ano em que queimada fez sucesso”, Cyrus disse, enquanto malabarismo nunca saiu do papel.

O filme Striptease, de 1996, foi a inspiração das populares aulas de dança do poste da Crunch, que já duram dois anos: Dança do Poste, Bar de Strip, Truques de Giro e Poste-Lates. Ao assistir a Demi Moore no filme, Cyrus pensou, “isso é difícil – poderia virar uma ótima aula”. A Crunch então entrou em contato com Kyra Johannesen, uma coreógrafa que trabalha com strippers profissionais.

Em uma sessão lotada de dança do poste, Johannesen, uma loira alta e atlética com marcas visíveis em suas coxas causadas pela fricção com o poste, me orientou em alguns movimentos básicos como dar a volta, chutar alto e rastejar. Embora tenha achado impossível realizar certos floreios – como dar um tapinha no bumbum entre as pernas -, foi razoavelmente manejável subir e escorregar no poste em si. “A parte mais difícil é entrar no recinto e dizer ‘Vou me sentir bem comigo mesma'”, Johannesen disse.

Rosa Richardson, professora do Brooklyn, não mostrou nenhum medo ao subir no poste e girar com saltos de plástico de 15cm (muitas alunas trazem seus próprios sapatos de stripper). “Você sustenta todo o peso do corpo no poste e eu tenho muito corpo para sustentar”, disse Richardson, que tem feito aulas de dança do poste quase todos os dias há um ano. “Ela é bem malandra”, disse Tara Crichlow, instrutora assistente, sobre o desempenho de Richardson. “É preciso tirar o chapéu para as mulheres mais cheinhas.” A solidariedade é um elemento importante das aulas, que terminam com uma demonstração em estilo livre de cada participante, que é incentivada pelo resto da “turma do poste”. “Envolve muito a união feminina”, Johannesen explicou.

Só para mulheres
O sexo de fato influencia as aulas menores e exclusivas, muitas das quais são direcionadas a mulheres. A New York Sports Club, por exemplo, oferece Confiança na Passarela, na qual uma podóloga ensina as mulheres como andar de salto alto adequadamente, e o Pilates Juntas, onde mães usam seus bebês como peso.

Os homens estranhamente não se intimidam com a Noiva Nocaute, uma aula cardiovascular intensa de kickboxing da New York Health and Racquet Club, desenvolvida com o intuito de colocar noivas em forma para o grande dia. (“Lembrem-se, tudo que vai restar no final são as fotos”, disse Donner, o diretor de fitness em grupo, que desenvolveu o programa.)

“Todos os meus colegas gozaram de mim por fazer a aula Noiva Nocaute”, disse Kevin Nadolny, 27 anos, engenheiro de estruturas, em uma aula recente no distrito financeiro de Nova York. Nadolny vai se casar em agosto, ele disse, “mas isso é coincidência.”

Craig Walker, advogado do Brooklyn, disse que “não tinha ideia” de que a aula era orientada para noivas. Tudo o que ele sabe é que “é uma tortura” e o ajudou a perder gordura do corpo.

A aula, que pode durar de uma a três horas, exige movimento constante de braços e pernas, geralmente em um trampolim e sempre ao som de uma mistura estridente de músicas (de 50 Cent, Marvin Gaye a Mr. Mister). Houve alunos que não aguentaram e começaram a chorar, disse Leo Wright, instrutor, que iniciou sua carreira em fitness como professor em um campo de treinamento militar em Fort Dix. “As pessoas fogem quando não aguentam mais, mas sempre voltam”, disse.

Fonte: http://beleza.terra.com.br/noticias/0%2c%2cOI3904496-EI7484%2c00.html

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